sábado, 24 de março de 2012

Só assim COMPLETA !

O Amor de Colombina

Trecho

PIERROT

[...] A incerteza que esvoaça a graça muito mais do que a própria desgraça.
Escolhe entre nós dois... Bendiremos os fados sabendo o que é feliz entre dois desgraçados!

ARLEQUIM

Dize: queres-me bem?


PIERROT

Fala: gostas de mim?

COLOMBINA, hesitante:

A Pierrot:

Eu amo-te, Pierrot...
A Arlequim:
...Desejo-te, Arlequim...

ARLEQUIM, soturnamente:

A vida é singular! Bem ridícula, em suma...
Uma só, ama dois... e dois amam só uma!...


COLOMBINA, sorrindo e tomando ambos pela mão;

Não! Não me compreendeis... Ouvi, atento pois meu amor se compõe do amor de todos dois. Hesitante, entre vós, o coração balanço:

A Arlequim:

O teu beijo é tão quente...

A Pierrot:
O teu sonho é tão manso...

Pudesse eu repartir-me e encontrar minha calma dando a arlequim meu corpo... e a Pierrot a minha alma!
Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho, pois um dá-me o prazer, o outro dá-me o prazer, o outro dá-me o sonho!
Nessa duplicidade o amor todo se encerra: um me fala do céu... outro fala da terra!
Eu amo, porque amar é variar, e em verdade toda razão do amor está na variedade...
Penso que morreria o desejo da gente se Arlequim e Pierrot fossem um ser somente, porque a história do amor pode escrever-se assim:


PIERROT

Um sonho de Pierrot...

ARLEQUIM

E um beijo de Arlequim!






O amor de Colombina
Obras de Menotti del Picchia

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